quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A Minha Mulher Invisível




Já ouvi muitos falarem sobre o tal amor platônico. Aquele que toma a vida de certos indivíduos de forma abrupta e fazem com que estas infelizes cobaias passem a acreditar no amor puro, livre de intenções, baseado apenas na virtude de possuir o inatingível. Ou “a” inatingível, já que não estou fazendo distinção de sexos. O que importa nisso tudo é o precedente de que a figura amada platonicamente é inatingível. Daí surgiu A mulher invisível. O objeto de amor perfeito, mas que não existe. Meramente platônico. Inatingível. Tão linda. Tão perfeita. Tão Irreal.


Não quero falar de amor. O amor é feio. Quero falar daquilo que é falso, efêmero, cego e material: A Paixão. Tenho que começar discordando da premissa que não exista paixão platônica. Muito contrariamente, o desejo está para a obsessão assim como o amor está para a ilusão. E não querendo ser cético, pergunto: É mais fácil acreditar no amor ou na paixão?
Chegou o momento de por um fim a essa “Era Amor”, pois tenho uma revelação a fazer. Graças ao desejo, luxúria e paixão, conheci há alguns dias a minha mulher invisível. Paremos por um momento. Se neste momento você leitor, quiser preservar sua ingenuidade e sua integridade moral, aconselho que pare de ler este texto e nunca mais tente fazê-lo novamente. Os acontecimentos que se seguem são frutos da fértil imaginação e da fertilidade sexual deste autor. Vou me referir a Mulher invisível como M. E essa boa história começará do inicio, quando a cerca de uma ou duas luas atrás, M apareceu pra mim pela primeira vez. Pedindo licença, poética, aos ditos populares. Foi Paixão a primeira vista.
A aproximação veio da parte dela. Tudo para me dizer que não sabia que era a linda das mais lindas. Pasmei. Minha pequena capacidade intelectual não conseguia conceber como uma criaturinha tão bem moldada e afeiçoada não sabia o poder de encanto da sua beleza. Meus olhos estavam fixos nela e a visão do seu corpo ofuscava meus outros sentidos. Não me lembro o que falamos ou o que sentia, busquei fotografar aquele momento pra sempre. Não me lembro o motivo pelo qual ela tinha pressa, mas quando ela já se afastara, pedi o numero do seu telefone e essa cena merece um pouco mais de atenção.
M se virou espontaneamente e seu cabelo cortou o ar de maneira graciosa, olhou pra mim e sorriu, em seguida começou a contrair seus lábios úmidos esboçando o numero do celular. Paralelamente seu dedinho com leveza desenhava os números no ar. Foi quando começou a fantasia. Não conseguia parar de pensar naqueles lábios macios me beijando. Mordendo-os como se fossem um morango. Vermelho, suculento, Sexy. Arrepiei sentindo aquele toque sutil e delicado, queria as mãos dela por todo meu corpo. Mas no fim, ela somente sorriu e se foi. Anotei o numero de forma mecânica. Minha mente estava em outra dimensão. Ainda no mesmo dia eu ligaria pra ela.
Ao telefone, M tinha uma voz pontual. Firme e doce ao mesmo tempo, esqueci os meios tecnológicos e apreciei aquela voz como se estivesse sendo um belo e fino sussurro ao pé-de-ouvido. Gostaria de ser acordado assim todo os dias, com uma voz mansa, serena e pontual me chamando na cama. E então, desligou.
M começou a aparecer com mais freqüência, várias vezes ao dia. Geralmente almoçávamos juntos e depois ela passava a tarde dançando pra mim. Era cada vez mais difícil conter o meu desejo. Eu tinha certeza que estava enlouquecendo por causa de uma mulher que não existia. Vestia sempre uma malha, que delineava todo seu corpo. Um corpo de deusa. Coxas firmes e roliças, uma bunda cheia de volume com uma musculatura rígida e super empinada. A minha parte preferida, a barriga de M era a coisa mais linda que já vi na vida. Tinha um piercing no umbigo que um dia meus lábios hão de tocar e vagarosamente ir subindo até chegar aos seus seios. Arredondados, cheios, fartos. Onde todo homem gostaria de repousar. Era muita coisa pra se apreciar em apenas um dia. Meus olhos doíam como se todas as cores invadissem minha retina sem pedir licença, e eu ficava inebriado com tantas curvas e feições.
Tomei a decisão de esquecer M. Decidi não encontrá-la mais. Fugir dela. Buscar me aconchegar em outros braços. Mas ela apelou dos seus poderes de persuasão e começou a aparecer nos meus sonhos. Sempre acordava sujo. Fisicamente e moralmente. Meus sonhos não tinham nenhum pudor no meu relacionamento com M. Ela dizia coisas nos sonhos, provocava, pirraçava... O sorriso dela transpirava excitação. Em um desses sonhos, ela tomava banho com uma mangueirinha... Completamente nua, a água ia escorrendo pelas curvas de seu corpo, que permitiam ser acariciadas por sua mão, com um sabonete. Sabonete esse que viajou por todas as partes e parou por uns instantes no tão desejado órgão sexual. Parecia que ela não precisava de mim. Gozava com um sabonete e uma mangueirinha. Não parava por ai. Todas as fantasias sexuais que já idealizei eram realizadas por M. Ela aparecia vestida de super heroína, de tenista, aluna do colegial, de deusa grega e muitas outras. Cada uma mais provocante que a outra. A beleza dela não me cansava.
Não me restou outra escolha. Fui procurá-la. Viajei alguns kilometros até encontrar minha musa inspiradora. E quando a vi, ela mais uma vez me surpreendeu. Veio de moto, atravessando a cidade que parava enquanto ela passava, chegou ao meu lado, deu aquele sorriso de entusiasmo e disse: “sobe ai”. Neste momento muita coisa subiu. Senti-me um rei. Em terra de gente que não é cego. Todos estavam apreciando M e eu em sua garupa. Não havia nada mais motivador. Minhas mãos abraçaram aquela barriga desejada. Naquele momento pensei que iria possuir M pra sempre.
E se possuísse, sei muito bem o que faria. Ia mudar minha vida. Abandonar os estudos, parar de trabalhar e dedicar todas as horas do meu dia ao sexo. Não ia parar de transar. Orgasmo ia ser uma vivencia duradoura. A felicidade plena em todos os segundos. Tudo que aumentasse a libido e a excitação iria ser provado e aprovado! Posições, fetiches, brinquedinhos. Conheceria todos. E inovaria também pra que essa vida nunca acabasse. Dedicar a vida ao prazer sexual. É nessa hora que me pego segurando um lápis.
Escrever tem sido o refúgio para compreender que M não existe. E tal vida não seria possível. Mas dia a dia, continuo a ver e sonhar com minha inatingível deusa do amor. Ou melhor, a deusa do fazer amor. Platonicamente ou não, desejo M.






20 de agosto de 2009,
Num dia de Sol, perdido numa noite suja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário